Aos dez



Ha muitas maneiras de se viver uma vida, maneiras diferentes de se apreciar o mesmo momento, todos tem direito de ter estes momentos, é a regra dos sonhos. É uma pena que as regras tenham um porem.Garotos como eu, sabe que ah muitas maneira de morrer, e que a mais notória talvez seja a melhor, talvez...

Estou deitado em uma cama que hoje posso ate chamar de casa, faço quase tudo aqui nunca aprendi muitas coisas na vida talvez a contar e a ler o básico. Eu já tive uma vida, ate uns dez anos, foi nesta idade que eu aprendi as coisas mais importantes, como o valor de uma infância, é muito bom! Mesmo que às vezes o preço seja caro, sempre me perco nestas lembranças rezando para que ninguém me ache. Toda vez que me encontram, eu lembro por que vim parar aqui, não que seja ruim, é péssimo.

Lembrar das coisas que não sinto mais, das coisas que eu poderia estar fazendo, isto tudo dói e no fundo alimento um vilão a procura de um herói para ser preso. Uma infância, sede por aventura, amigos, orgulho isto tudo se perdeu em um acidente, que me consumiu.

Na quarta serie, eu meus amigos sempre que voltávamos da escola Geraldina, parávamos para roubar caju, no pe de uma mulher que morava no caminho de casa, outras épocas roubávamos manga ubá em uma casa também no cominho, se não estava na época de nenhuma das frutas brincávamos de guerrinha de mamonas. Nestas ocasiões me sentia um herói, corria como o Flash, escondia como o príncipe das trevas ate mesmo podia voar como o Super Homem. Tinha muita energia e poderes, acreditava não ter nenhum ponto fraco, eu tinha apenas dez anos. minha turminha não era diferente das demais que havia no colégio, mas para mim era a melhor. assim tambem era o cajueiro com os frutos mais doces do mundo, o colegio mais legal de todos, as professoras mais chatas e a vida mais badalada de todos. eu era feliz mesmo enganado. me contaram boas mentiras e estava feliz de vive-las. naquela sexta quando deixei de olhar para o lado é que passei a ver como era a vida, quando desatento estava é que percebir que a vida nao era doce.

Meu tio sempre vem me visitar sempre le alguns livro em silencio. Meu pai sempre feliz me conta piadas e faz palhaçadas seria um palhaço perfeito, mas ele sempre chora no final. Já não vejo minha mãe faz quatro anos, meu tio fala que ela foi para o céu mas eu sei que é mentira. Ela é a sua única irmã e ela sempre liga para ele, que diz coisas como “esta bem mana”. Havia luz naquele lugar, uma luz fria e azul bem diferente da luz quente e amarela de quando eu era vivo.

O chup-chup de cinco centavos que sempre comprávamos era a única coisa que não podíamos ter com nossos super poderes. Para estas ocasiões tínhamos os poderes de nossos pais, e de nosso olhar pidão. Aquela rua tinhas muitas historias e eu so me dei conta quando não podia contar mais nenhuma. Uma vez um dos cachorros do lote do pe de manga se soltou meus amigos saíram correndo e eu fiquei encima do manguezal. Fiquei por horas pensando o que minha mãe faria quando eu chegasse em casa. Por ser um daqueles cachorros grandes. Todos da rua ficou so olhando enquanto eu engolia o choro para não morrer de vergonha. De repente um dos galhos de apoio se quebrou e eu cai perto de onde o cão ladrava. Imediatamente bati o pe como se não tivesse medo, afinal um homenzinho como eu com super poderes não podia se amedrotar. O cão recuou um pouco rosnavas com aqueles dentes que parecia tão afiado que podia cortar a alma. Foi quando afrochei e ele veio para cima como se fosse me matar, e então uma voz rouca porem alta meio que pigarrenta gritou “Laudor pare!” foi assim que eu conheci o velho Sebastião. O homem foi muito legal de me deixar ir sem contar para minha mãe, em troca topei nunca mais pular com meus colegas no lote do bom Sebastião. Tinha algo a ser aprendido ali, algo como não se deve roubar manga do senhor sebastião ou roubar o senhor Sebastião era muito perigoso, eu aprendi. Fui roubar caju na casa de betannia pois ela não tinha cachorro e nem era o senhor Sebastião...

O relógio parece tocar uma bela melodia. Se não puder escutar o relógio quando estou aqui, eu me sinto morto outra vez ... a pilha já acabou trez vezes desde que estou aqui. Eu posso fazer olhares mas os médicos e enfermeiras não lêem olhares lêem apenas a bula. Ninguém sabe o quanto eu nessecito do tic tac daquele relógio...quando tudo fica em silencio eu começo a contar junto com ele, as vezes faço isto por horas, as vezes faço isto a noite inteira...e o relógio acabou sendo um amigo para todas as horas...

O dia do acidente foi marcante... não me lembro muito bem, e nem de muitas coisas. Lembro de um parachoque, logo lembro de um carro, logo lembro de dor e depois lembro de caju mas não me lembro de nada que poderia relatar os fatos...mas lembro do que senti o coração batia forte, as vozes embaraçavam em minha cabeça, eu escutava “a criança, a criança” depois de um tempo senti meu coração batendo forte, como se sentisse algo por mim, e eu não sentia mais o meu corpo. Meu coração não me deixou parecer morto pelo ao contrario quanto mais forte ele batia menos eu me sentia morto,uma vez meu tio leu um livro que dizia que isto era amor...para mim era desespero, era como se eu já soubesse. E já se passaram quatro anos...

Eu tenho quatorze anos, hoje me encontro tetraplégico...eu morri aos dez

4 comentários:

Anônimo disse...

viver passado, presene e futuro é muito bom para os loucos e poetas. Esses possui licença para mentir... licença para enganar e mentir e busca na propria historia sua verdade que os isenta de qualquer culpa...não sei se são felizes... pois vivem uma realidade interna alheia aos acontecimentos presente e reais...enganam, mentem, figem...pior fingem viver...

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Palmas pra vc! Muito belo este texto!

FRANZ disse...

Silvia(anonimo) e vc?...

Rafael: Obrigado vindo do grande escritor que é, palmas sao bem vindas espero que goste dos demais penso em colocar mais contos aqui!!

silvinha disse...

anônimo??? quem consegue ser anônimo???